Boletim 66 - Novembro 2017

Este mês, promovemos a VIAGEM À ÍNDIA e a sessão MIAFULNESS. Tudo de bom... Namaste!​

Gustavo Cunha em entrevista

António Matos: Hatha Yoga é o “Yoga da harmonia do Sol e da Lua ( + e -)” ou é o “Yoga da força/violência”? Como definiria Hatha Yoga?
Gustavo Cunha: Eu entendo o Hatha Yoga como a utilização do sólido para chegar no subtil, ou seja, partindo do corpo tendo por meta o espírito. A transmutação, a alquimia energética dos asanas e pranayamas, juntamente com todas as outras técnicas e atitude correta fundem-se, formando Yoga. Alguém diria: “mexeu o corpo, é Hatha Yoga”. Isto quer dizer que, se sentamos em silêncio, na mesma posição horas a fio, meditando não é, em princípio, Hatha Yoga – podemos chamar de Raja Yoga, Dhyana Yoga, etc, aludindo à contemplação. Se a prática é, unicamente, a repetição constante de um mantra, não é Hatha Yoga – poderíamos chamar de Japa Yoga, Mantra Yoga, entre outros. Mas, combinando as posturas (asana), as técnicas de purificação corporal (kriya), as contrações de grupos musculares (bandha), os selos energéticos com o corpo e mãos (mudra), técnicas respiratórias (pranayama), meditação (samyama) e outras, então, a meu ver, será algum tipo de Hatha Yoga, quer seja Ashtanga Vinyasa, Iyengar, etc. A tradução da palavra Ha e Tha individualmente com Sol e Lua pode apontar para o caminho do equilíbrio e harmonização entre pólos opostos: masculino/feminino, atividade/passividade, aquecimento/arrefecimento, razão/emoção e, na minha opinião, é uma forma válida de perceber o Yoga. Também é referido que o Hatha Yoga é o “yoga do esforço extremo”. A atitude de disciplina (tapas), o “fogo” que se sente ao sair da nossa “zona de conforto” para nos excedermos pode ser encarado dessa forma.
As escrituras definem o Yoga como “yoga é equanimidade na mente” (Bhagavad Gita II.48 - yoga samatvam ucyate) e “yoga é o controle total dos movimentos da mente” (Yoga Sutra de Patanjali 1.2 – yogashcittavrittinirodhah). O importante é perceber que essa cultura milenar, da qual o Yoga faz parte, tem por objetivo o reconhecimento de si-mesmo como não diferente da totalidade. Hatha, Raja ou Jñana, o Yoga é uma visão, uma cultura muito própria baseada num conhecimento que vem sendo passado pelos mais experientes e de interpretação pessoal e revelação espontânea.

AM: Como o Hatha Yoga se insere na tradição mais vasta e antiga do yoga, nomeadamente no contexto do Hinduísmo?
GC: Sanatana Dharma (o Dharma Eterno), mais conhecido como Hinduísmo, é o nome usado na tradição para definir os conceitos do antigo pensamento indiano ligado aos Vedas. Hoje em dia, ainda se vê o Sanatana Dharma, pelo menos no Ocidente, como uma religião ligada ao culto de milhares de deuses e deusas e, de alguma forma, ligada a Buda, ao Yoga e a tudo o que seja esotérico e místico indiano. Na realidade, o Sanatana Dharma é a base do Hatha Yoga. É um corpo de conhecimento vastíssimo do qual o Hatha Yoga também faz parte. A chave para a compreensão da sabedoria dos Vedas é, nada mais nada menos que, a visão dos objetos do mundo (asat) como sendo não-diferente do Criador (sat), e, do universo (jagat) como uma manifestação e resolução cíclica e infinita da consciência (shiva/purusha) junta com o poder ou energia de natureza (shakti/prakrti). Assim sendo, o Hatha Yoga tem o intuito de levar o praticante a essa visão. De resto, foram encontrados nas ruínas de Mohenjo-daro, uma antiga cidade com mais de 5.000 anos, localizada no atual Paquistão, selos esculpidos com yogis em posturas de Yoga.

AM: O Hatha Yoga é mais baseado em tradição (oral) ou em literatura escrita? Qual a literatura fundamental do Hatha Yoga?
GC: O Yoga é sempre tido como uma tradição oral, aliás, como a toda a cultura milenar indiana, desde os Vedas. Algures pelo caminho, o ensinamento passa a ser escrito e assim preservado em folhas de bananeira. Atualmente, proliferam livros e traduções em todas as língua e suas versões digitais desses pergaminhos, mas se formos procurar vemos que Hatha Yoga Pradipika é um texto da Idade Média, assim como a Shiva Samhita. Mais tarde, pensa-se ter surgido a Gheranda Samhita. Leia a entrevista completa aqui.

AGENDA
- Sessão de Miafulness, com Mikaela Övén, 28 de Novembro
- Viagem à Índia Março/Índia 2018

CURSOS E EVENTOS
Anunciamos a 2ª edição da viagem RUMO À INDIA, que pretende proporcionar aos praticantes de Yoga portugueses uma estadia memorável na terra berço do Yoga. Mais informações: om@yogavaidika.com.

A 29 de Novembro, 3ª feira, 21h00, recebemos Mikaela Övén para uma prática de MIAFULNESS. Mikaela é instrutora de Mindfulness e autora de "Heartfulness" e "Educar com Mindfulness", da Porto Editora. Inscrição em om@yogavaidika.com.

​PARCEIROS E AFINIDADES
O Centro VAIDIKA recomenda e aconselha os seguintes centros, associações ou entidades pelo seu inestimável trabalho:
- Casa Mãe - Braga
- Ginásio da Alma- Porto
- Estúdio de Yoga - Lousada

VER E SABER
- Varanasi - Rumo à Índia
- Balkrishna - Pôr em prática o que sabemos
- Coldplay - Hymn For The Weekend

MEDITAÇÃO
Sendo possível, páre tudo aquilo que está a fazer durante um minuto e observe com atenção plena tudo o que se desenrola à sua volta e na mente. Comece com as informações visuais, observando com detalhe objetos, formas, cores, luzes e continue com o resto das informações dos sentidos. Inclua na sua observação as sensações e pensamentos que surgem. Em seguida, prossiga a sua vida, normalmente.

Tudo de bom,
Centro VAIDIKA

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