A Questão Fundamental – David Frawley
Existe apenas uma questão fundamental na vida: “Quem sou eu?”. Sem o saber por nós mesmos, nada tem validade e os nossos pensamentos geram ilusão. No questionamento sobre a nossa verdadeira natureza encontra-se o significado total da existência. Tudo o mais é preliminar ou supérfluo.
A maior parte das questões que colocamos na vida são questões ilegítimas porque se baseiam no pressuposto que nós já sabemos quem nós somos. Todo o nosso conhecimento e ação externas se baseiam na ideia que nós somos quem nós julgamos que somos. Se percebermos que a nossa autoimagem é errada, no que teríamos confiança em realizar? Uma pessoa afetada por amnésia primeiramente procura saber quem é antes de saber quem os outros são.
Esta é a ignorância colossal da nossa inteira cultura. A entidade sobre a qual todas as ações se baseiam, o ser, é a que menos foi criticamente examinada. Aceitamos como o nosso verdadeiro ser aquilo que outras pessoas nos disseram, o que é habitual ou está na moda, ou o que quer que os nossos padrões passageiros de pensamento projetem. Moldamos a nossa identidade por influências externas, e nutrimos esta identidade fabricada como a nossa verdadeira natureza, procurando mantê-la feliz por todos os meios.
Todos os nossos pensamentos se baseiam no pensamento: “Eu”: “Eu sou isto” ou “Isto é meu”, “Eu preciso de fazer isto” ou “Amanhã eu farei aquilo.” O “Eu” é constantemente associado a um objeto ou ação, recebe um nome e forma, e um devir no tempo. O “Eu” é misturado com um objeto, um identidade externa ou auto-imagem. Mas o “Eu” em si-mesmo não é conhecido por nós e nunca diretamente próximo.
O nosso conhecimento de quem somos é indireto e confuso. Não é autoconhecimento mas autoilusão. Nós sobrepusemos subjectividade e vários papéis e funções extrínsecas no nosso ser interno. Aquilo a que chamamos de nosso ser é, assim, nada mais do que uma série de aparências ou pretensões. É uma identidade para os outros, não uma manifestação daquilo que realmente somos na nossa própria natureza. Enquanto projetarmos algum objeto ou qualidade sobre nós mesmos, estaremos a projetar a nossa identidade no campo da ilusão e materialidade. Perdemos o nosso ser e torna-mo-nos uma coisa, o que terá de resultar em mágoa.
O maior obstáculo ao autoconhecimento é a ideia que nós já sabemos quem realmente somos. Todo o que pensamos que somos é meramente aquilo que experienciamos, o peso do nosso condicionamento. Não indica a natureza da nossa consciência, apenas o grau da nossa identificação com o mundo externo. Apenas quando nos apercebermos do perigo de viver nessa ignorância podemos desenvolver a vontade de progredir no caminho da verdade.
Excerto do livro Vedantic Meditation: Lighting the Flame of Awareness de David Frawley, publicado por North Atlantic Books, copyright © 2000 por David Frawley. Todos os Direitos Reservados. Este material não pode ser reproduzido em nenhuma forma ou vendido sem permissão escrita prévia de North Atlantic Books. Traduzido por Gustavo Cunha para Yoga Vaidika com a permissão do editor. Imagem de topo retirada do site do autor.
A maior parte das questões que colocamos na vida são questões ilegítimas porque se baseiam no pressuposto que nós já sabemos quem nós somos. Todo o nosso conhecimento e ação externas se baseiam na ideia que nós somos quem nós julgamos que somos. Se percebermos que a nossa autoimagem é errada, no que teríamos confiança em realizar? Uma pessoa afetada por amnésia primeiramente procura saber quem é antes de saber quem os outros são.
Esta é a ignorância colossal da nossa inteira cultura. A entidade sobre a qual todas as ações se baseiam, o ser, é a que menos foi criticamente examinada. Aceitamos como o nosso verdadeiro ser aquilo que outras pessoas nos disseram, o que é habitual ou está na moda, ou o que quer que os nossos padrões passageiros de pensamento projetem. Moldamos a nossa identidade por influências externas, e nutrimos esta identidade fabricada como a nossa verdadeira natureza, procurando mantê-la feliz por todos os meios.
Todos os nossos pensamentos se baseiam no pensamento: “Eu”: “Eu sou isto” ou “Isto é meu”, “Eu preciso de fazer isto” ou “Amanhã eu farei aquilo.” O “Eu” é constantemente associado a um objeto ou ação, recebe um nome e forma, e um devir no tempo. O “Eu” é misturado com um objeto, um identidade externa ou auto-imagem. Mas o “Eu” em si-mesmo não é conhecido por nós e nunca diretamente próximo.
O nosso conhecimento de quem somos é indireto e confuso. Não é autoconhecimento mas autoilusão. Nós sobrepusemos subjectividade e vários papéis e funções extrínsecas no nosso ser interno. Aquilo a que chamamos de nosso ser é, assim, nada mais do que uma série de aparências ou pretensões. É uma identidade para os outros, não uma manifestação daquilo que realmente somos na nossa própria natureza. Enquanto projetarmos algum objeto ou qualidade sobre nós mesmos, estaremos a projetar a nossa identidade no campo da ilusão e materialidade. Perdemos o nosso ser e torna-mo-nos uma coisa, o que terá de resultar em mágoa.
O maior obstáculo ao autoconhecimento é a ideia que nós já sabemos quem realmente somos. Todo o que pensamos que somos é meramente aquilo que experienciamos, o peso do nosso condicionamento. Não indica a natureza da nossa consciência, apenas o grau da nossa identificação com o mundo externo. Apenas quando nos apercebermos do perigo de viver nessa ignorância podemos desenvolver a vontade de progredir no caminho da verdade.
Excerto do livro Vedantic Meditation: Lighting the Flame of Awareness de David Frawley, publicado por North Atlantic Books, copyright © 2000 por David Frawley. Todos os Direitos Reservados. Este material não pode ser reproduzido em nenhuma forma ou vendido sem permissão escrita prévia de North Atlantic Books. Traduzido por Gustavo Cunha para Yoga Vaidika com a permissão do editor. Imagem de topo retirada do site do autor.
Comentários
Enviar um comentário