Roteiro infalível para a felicidade - Filipa Ribeiro

Para isso, por vezes, só precisamos de nos aconchegar, como um xaile nos ombros de uma velha, no pálio da serenidade com ksanti como dilecta companheira de jornada. Só assim vemos além das aparências, mesmo daquelas que a nossa mente nos atira. Compreendida cada mente no seu problema, nas suas limitações, podemos ser úteis ao outro. Aos aflitos, desesperados, coléricos e desabridos quais crianças espirituais que cruzam o nosso caminho, oferecemos o melhor que do karuṇālayam podemos beber. Como nos ensina Swami Dayananada, isso por vezes pede de nós uma dose extra de simpatia pela pessoa – o outro ou nós mesmos- , de compaixão, para explicar e fazer ver que ela está apegada e circunscrita pelo que é irreal, e que não há necessidade de fugir do que é irreal. Não podemos evitar, mas podemos amparar os que trazem abertas as chagas das ilusões e das puerilidades, procurando penetrar-lhes os recessos do ser com o algodão do ensinamento. Porque esse outro é idêntico a nós, em todos os tempos. Porque o ensinamento é omnipresente, mas um professor qualificado, brahmanistham, não é; não o temos sempre disponível para amparar quem se cruza no nosso caminho.
A colheita obrigatória vincula-se à livre sementeira. Agora, neste momento, o importante é sermos a nossa prece, trabalhando, servindo,aprendendo e amando. Motivo algum deve servir de apoio ao desânimo. Tudo, na vida, constitui convite para o avanço e a conquista de valores na harmonia e na glória do bem e do Conhecimento do que já somos. Como diz o verso de Emily Dickinson, “se eu posso evitar que um coração se quebre, então não terei vivido em vão”.