Perdoarmo-nos a nós mesmos - Desmond Tutu e Mpho

Somos chamados a perdoar de tempos a tempos; é essa a natureza de vivermos relações. Sim, pode ser muito difícil perdoar os outros, mas às vezes é ainda mais difícil perdoarmo-nos a nós mesmos. Se ingerir muitos chocolates, castigo-me por falta de força de vontade ou ofereço-me o perdão por ter dado asas à minha "gulodice"? Se digo "Hoje vou ao ginásio para ficar em forma" mas, ao invés, deito-me no sofá, preciso punir-me ou perdoar-me? Se eu me perdoar, isso significa que amanhã vou fazer outra soneca ainda mais longa depois de comer chocolates?

As razões para nos perdoarmos são as mesmas pelas quais perdoamos os outros. É assim que ficamos livres do passado. É assim que curamos e crescemos. É assim que damos sentido ao nosso sofrimento, recuperamos a nossa autoconfiança, e contamos uma nova história sobre nós próprios.

Quando nos perdoamos estamos a caminhar ambos os lados do Caminho Quádruplo - Procurar o Perdão e Conceder o Perdão.

Requisitos para o Auto-Perdão.

O auto-perdão requere verdade absoluta. Precisamos da verdade antes que nos reconciliemos com os outros, e precisamos da verdade antes de nos reconciliarmos connosco próprios. Se não admitiu os seus erros e pediu o perdão, faça-o. No entanto, quer lhe tenha sido concedido perdão ou não por alguém, ainda assim pode procurar perdoar-se a si mesmo.

Auto-perdão requere que enfrentemos a verdade sobre o que estamos a sentir. Sentimos culpa ou vergonha? Desespero ou falta de esperança? Quando identificamos os sentimentos que obstruem o nosso auto-perdão, podemos começar a transformá-los.

O auto-perdão também requere humildade e trabalho árduo. Requere um desejo sincero para não repetir o comportamento e um desejo sincero de mudança.

Todos temos de aceitar o passado para criarmos um novo futuro. Se nós pudéssemos ter feito as coisas de forma melhor, teríamos. Todos temos o potencial para mudar. Podemos trabalhar para tornar positivo o negativo e fazer mudanças.

Com Amor,

Desmond Tutu & Mpho

www.forgivenesschallenge.com

(Tradução Gustavo Cunha)